Olha, o grid se embaralhou de um jeito que acho que essa thread é recomendada até pra quem já acompanha. Só pra dar uma ideia, teremos 8 novos titulares: o maior número desde a temporada de 2010.
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E preciso te explicar uma coisinha aqui: ser novato na Fórmula 1 é terrível.
Sem qualquer experiência com esses carros, eles são jogados entre pilotos que já estão muito bem acostumados. É como ser arremessado aos leões com uma espada que você ainda não sabe usar. Por isso, vamos falar do que está sob maior pressão e começar nosso quadro pela Alpine.

O australiano Jack Doohan, de 21 anos, tem uma bomba no colo. O novo piloto da Alpine, ao que dizem os rumores, só tem a entrada garantida em cinco corridas de 2025 – e é nelas que ele vai ter de mostrar serviço.
O que, claro, não é fácil. Mesmo.
O carro é complicado e a equipe não só é desorganizada, como também é aconselhada por um cara conhecido há décadas por ser um crápula. E some a tudo isso a pressão de ser um novato obrigado a mostrar resultado em um tempo reduzido. É uma bomba das fortes.
No outro carro da Alpine tá o francês Pierre Gasly, de 28 anos. O Pierre já vai pra sua nona temporada – a segunda pela Alpine – e não era nada amigo do seu último companheiro de equipe – o também francês de 28 anos, Esteban Ocon.

O assunto dos dois é uma briga de anos, juro. Eles eram amigos quando eram pitiquinhos, cresceram juntos, as famílias eram unidas até que o pé do frango começou a azedar. Teve passada de perna de um pai no outro, teve roubo de patrocínio, de namorada, uma coisa louca.
Mas a Alpine achou que seria uma boa colocar os dois franceses numa equipe francesa e coisa e tal – não deu certo. Acredita-se que muito por essa má relação entre eles, o Esteban foi demitido faltando uma única corrida para o final de 2024, mesmo estando no time há quatro anos. Foi uma sacanagem.

Foi uma sacanagem. De qualquer modo, em 25 o Ocon vai para a equipe Haas. Ele encontra a única equipe estadunidense do grid em uma crescente promissora, dividindo-a com outro novato que promete muito.
O nome dele é Oliver Bearman, de 19 anos. Nosso Ollie.
E, tecnicamente, o Ollie não é um novato oficial.
Em 2024, foi reserva que deu muita sorte – pilotou em três etapas como substituto. Isso, e detalhe: na temporada com a maior janela de contratações dos últimos anos.

A Fórmula 1, afinal, é sobre isso: dar sorte e aproveitá-la ao máximo.
Já na estreia, na Arábia Saudita, o Bearman foi chamado totalmente no susto pra substituir o espanhol Carlos Sainz, da Ferrari, que precisou remover o apêndice às pressas. Foi um feito. Os pontos, digo, não o apêndice – que aliás já virou piada entre a gente. Olha só.

Em fevereiro, o Carlos descobriu que estaria demitido da Ferrari no final do ano – e ninguém precisa mostrar mais serviço do que piloto de aviso prévio.
Daí quando ele teve a apendicite, todo mundo deu como um golpe de azar sem saber que era ali que a sorte dele começaria. O bichinho voltou da cirurgia e ganhou uma corrida duas semanas depois (!!), daí seguiu a consistência que já lhe era característica e conseguiu uma vaga, mesmo que em uma das nossas piores equipes. Não é o melhor dos mundos, mas é bem melhor do que ficar de fora.
Acostumado a andar na ponta, o Carlos agora vai pra Williams, que digamos que já viu dias bem melhores. Mesmo sendo carregada de história e uma das maiores campeãs de todos os tempos, a Williams entrou numa espiral de merda no século XXI e só se afundou. Tá bastante complicada.
Hoje, ela luta pra marcar uns pontinhos nas corridas – pódios e vitórias são impensáveis. Ah, e lembra que eu falei do apêndice? Pois é, o Carlos vai dividir a equipe britânica com o Alexander Albon, um tailandês de 28 anos que também precisou tirar esse órgão em 2022.
PS: o que achei o melhor foi o Alex falando que ao pilotar um F1 logo depois de tirar o apêndice, você consegue sentir seus órgãos internos se mexendo mais… livres, digamos. Aí no dia do anúncio do novo time, o Carlos ainda soltou que a Williams seria “o time sem apêndice”.

Mas agora vamos ao Alex, que agora já passa muito bem. Na F1, ele já passou de um tudo. Estreou pela equipe B da Red Bull, foi promovido pra principal.

Só que o tailandês não impressionou na Red Bull Racing, e acabou desempregado. Quando parecia que já tinha finalizado a carreira, foi contratado pela Williams, onde finalmente passou a se destacar.
Aliás, o Albon é um dos pilotos que usamos de exemplo pra explicar porque a Red Bull Racing tem alguma fama de malvadona com os mais jovens. Tanto no time A, quanto no time B e na Academia de Pilotos, a RBR tem um ecossistema em que a paciência pra adaptação não tem solo fértil – o que nos leva a outro novato que não é bem um novato.

Liam Lawson, neozelandês de 22 anos: o novo piloto da Red Bull, a nova loira do tchan ou a nova cabeça que o conselheiro da equipe quer cortar, como quiser chamar.
Em tese, ele já participou de duas temporadas, mas não começou nenhuma como titular. Espera, explico.
Em 2023, ele entrou por algumas corridas para substituir o australiano Daniel Ricciardo, que tinha quebrado o punho. Aí agora, em 2024, veio pegar o lugar dele oficialmente quando Daniel foi demitido da VCARB – a equipe B.
Agora, no finzinho do ano de 2024, a RBR anunciou que Lawson seria promovido à equipe principal no lugar do mexicano (e, agora, também demitido) Sérgio Pérez. E levando em consideração que a equipe não tem fama de paciente, dá pra se dizer que o Liam é um homem com uma missão e tanto. Até porque, no outro carro…
Já ouviu falar em Max Verstappen, anjo? É o dono dos títulos das últimas quatro temporadas da Fórmula 1. Bota a régua lá cima.

Mesmo eu que não torço por ele reconheço que o cara é um gênio, um monstro, uma besta enjaulada que tira tudo e mais um pouco do carro. E entre besta, gênio e “mas de novo esse holandês do *&$%#”, o Super Max tá pra ganhar mais um nome: papai. A namorada dele, Kelly Piquet, está grávida – o que, entre outros fatores, nos traz algumas suposições sobre uma aposentadoria do tetracampeão que pode estar a caminho.
Para as pistas, vai ser uma grande perda. Já para os pilotos da VCARB, a saída de Verstappen é o sinal de uma grande esperança.

Em 2025, essa equipe de nome feio e estética linda mantém Yuki Tsunoda, um japonês de 24 anos que muitos (eu, inclusive) acreditam ter sido o injustiçado da vez.
É que o Yuki já está na equipe B há quatro anos, e ninguém quer fazer carreira nela. É pra ser mais um degrau do que o topo da escada, entende? E mesmo tendo sido bastante consistente com o carro que tinha em mãos, ele não foi nem cogitado a subir pra principal.
No outro carro da VCARB, vem mais um novato: Isack Hadjar, a nova birra da torcida brasileira.
O francês tem 20 anos, foi o rival do nosso piloto na Fórmula 2 esse ano, e claro que – apesar de ótimo piloto – não angariou exatamente a nossa simpatia ao longo da temporada.

Quem deu trabalho para o Hadjar na mais alta categoria da base foi nosso queridinho de Osasco, Gabriel Bortoleto.

O Gabi também tem 20 anos e tá vindo em uma ascensão meteórica: foi campeão das Fórmulas 3 e 2 como novato, em temporadas seguidas!
O mundo inteiro tá com os olhos no Gabriel, que vai ser o novo piloto da Sauber. Tem uma matéria aqui contando tudo sobre ele e sobre a equipe bem detalhadamente, então vou só anexar lá em baixo pra gente não monopolizar esse capítulo com a nossa tietagem.
Quem vai correr ao lado do Bortoleto é o alemão Nico Hülkenberg, dezessete anos mais velho que ele.

É bom piloto, não vou mentir, mas o fato que mais se destaca na carreira do Hulk é a total ausência de pódios: entre idas e vindas, tá na categoria desde 2010 e nunca subiu lá. E é ele que o Gabi vai ter como régua no ano que vem, já que os dois tem o mesmo carro. Mas não se engane: não vai ser fácil. O Bortoleto é um novato e o Nico tem muita experiência – então quanto mais próximos os dois estiverem um do outro, melhor pro brasileiro.
E falando em duplas recém-formadas, uma das mais esperadas de 2025 é a da Scuderia Ferrari. Mesmo quem não torce nem pela equipe, nem pelos seus pilotos está ansioso pra acompanhar a vermelhinha nessa temporada, até porque foi nela que todo esse rebuliço de troca-troca começou.
Em fevereiro de 2024, a equipe mais antiga da Fórmula 1 anunciou que a partir do ano seguinte teria em um dos seus carros o piloto mais vitorioso que já pisou na categoria.

Com sete títulos na própria conta, Lewis Hamilton agora vai vestir vermelho e preciso acrescentar: vai ser histórico.
Consultei os universitários e me disseram que é o equivalente ao Messi indo para o Real Madrid ou o Lebron James para o Lakers – eu não entendo nada de basquete ou futebol, mas me soaram como exemplos bem convincentes. Só que o mini imbróglio é: a Ferrari já tem um queridinho.
Charles Leclerc é como a personificação da Scuderia, demonstra o amor desmedido que o fundador, Enzo Ferrari, tanto cultivava nos pilotos quando vivo.

Então, embora pra mim já esteja claro quem vai ser a prioridade do time, essa forte relação Leclerc x Ferrari faz alguns acreditarem que pode surgir algum tipo de conflito interno na equipe italiana com a chegada do Hamilton.
E como chegadas provém de partidas, vamos pra equipe que deixou escapar um heptacampeão mundial. Quem fez a arte foi a Mercedes, casa de seis dos sete títulos do homem. Ao que parece, um dos motivos de terem aberto mão de Lewis foi a aproximação do novo pupilo do time à F1.

O nome dele é Andrea Kimi Antonelli, italiano, 18 anos: o mais jovem de 2025. Grande fã do Senna e a maior aposta da Mercedes em bastante tempo.
O Kimi assinou com a Academia da equipe aos treze anos de idade e, desde lá, foi campeão de três Fórmulas 4 e duas Fórmulas Regionais. Pulou a Fórmula 3 e foi direto à F2 – onde, esse ano, terminou em sexto no campeonato. O Kimi, portanto, é um talento promissor que vai ser uma experiência interessante pra Mercedes. Se der certo (e tomara que dê), a gente pode estar vendo a história começando a ser feita.
Ao lado do Kimi vem George Russell, em sua quarta temporada pela Mercedes.
O George é britânico, tem 26 anos e é, ainda, o presidente da GPDA – a Associação de Pilotos de Grandes Prêmios, como se fosse uma espécie de sindicato.

O Russell deu o azar de entrar na Mercedes no primeiro ano de decadência do time, e ainda assim somou sete vitórias nas flechas de prata. E agora que o time voltou a ser competitivo, a dúvida é se ele vai ser tratado como prioridade ou se vai perder o posto para o Kimi. Veremos.
Por último (tá cansadão já, né?), vamos falar das duas únicas equipes que não mudaram sua formação de 2024 para 2025 – e a primeira delas nem tinha muito como mudar. A Aston Martin tem o que deve ser uma das duplas mais sólidas – em termos de contrato – de toda a Fórmula 1.

Em um dos bancos do time do James Bond temos Lance Stroll, um canadense de 26 anos que é literalmente o filho do dono.
Não que ele seja um desastre de piloto, não me entenda mal, mas no grid de hoje, o Lance é tido como um dos mais fraquinhos – e ainda assim nunca vai perder a vaga. Business, sim?
Ao seu lado, em compensação, a gente tem um dos maiores fenômenos da F1 desse milênio: o nome dele é Fernando Alonso.

Aos 43, ele é um dos pilotos mais velhos a competir na Fórmula 1 nos últimos cinquenta anos. Ele já participou de 21 temporadas – juro, tem mais tempo de F1 do que seis dos nossos pilotos têm de vida. E mesmo com a idade considerada avançada no esporte, ele ainda tem bastante gás e mostra frequentemente porque é que se tornou um bicampeão.
E nossa última equipe – a queridinha do meu coração papaya – é a McLaren. Ela vinha passando por maus pedaços nos últimos anos, até que fez um bom carro nessa temporada e se reorganizou ao redor de uma das duplas atuais mais consistentes. Não à toa, se tornou a campeã de 2024.
Os dois pilotos que cumpriram esse feito formam a dupla mais jovem a levar um campeonato de equipes da história.
O primeiro e mais antigo na equipe britânica é o (também britânico) Lando Norris, de 24 anos.

O Lando até chegou a brigar pelo campeonato de pilotos – mas ele mesmo acabou reconhecendo que ainda não estava maduro o suficiente pro título, e cometeu vários erros crassos. Mas, de qualquer modo, ainda terminou como o vice-campeão, o que não é um posto para se tirar à merda.
Ao lado dele está o australiano (e como gosta de destacar, nada britânico) Oscar Piastri, de 23 anos.

Ele estreou em 2023 e, segundo muitos, foi o melhor novato desde o Hamilton, em 2007. O que não foi surpresa, e nos leva ao grande X da questão.
O X, e o que quero destacar do Oscar, é algo que veio antes disso e que vai ter dar uma boa esperança.
O Piastri, hoje na sua segunda temporada e já com duas vitórias, foi um dos únicos pilotos a terem conquistado o direito de dizer que ganharam as Fórmulas 3 e 2 como novatos. Os outros dois são Charles Leclerc e George Russell, hoje também considerados pilotos de ponta.
Agora, se você se atentou a um pequeno detalhe lá no meio, deve ter percebido que mais um nome se juntou a essa lista e que vem acompanhado de uma bandeirinha verde e amarela. Pois é, Gabriel Bortoleto.
Consegue entender em qual patamar ele está entrando na F1? Quando digo que é uma grande promessa, não estou brincando ou sendo clubista. Então, como prometido, aqui tem um mini compilado pra que você entenda quem é o Gabi: